Ser cliente não é fácil.

Mas pode ser muito estimulante.

 

Acontece com alguma frequência os designers serem contactados por pessoas ou equipas que começaram a desenhar um projeto — um livro, uma marca, um site — mas que, a certa altura, percebem que não conseguem avançar sozinhas. Chegam com soluções pensadas (ou até parcialmente executadas) mas sem clareza sobre os passos a seguir e, nesse momento, chamam o primeiro designer que encontram disponível, como recurso de última hora.

Este tipo de situações revelam uma perceção antiga mas ainda comum que é a de entender o trabalho do designer como algo simples, imediato e acessível a quem domina algumas ferramentas gráficas. Talvez por lidar com escolhas visuais, quem vê de fora, facilmente cai na tentação de confundir a prática do design com uma questão puramente estética ou de gosto. No entanto, o que distingue um bom trabalho de design não é o estilo ou a capacidade de seguir uma tendência. Um trabalho bem feito é aquele que propõe soluções gráficas que resultam de um processo fundamentado e da capacidade de fazer escolhas visuais que respondem tanto a objetivos claros como a uma audiência e a um propósito específico.

Design é um processo e não se resume a uma forma. E quase sempre é um processo colaborativo: exige diálogo, decisões informadas e uma boa dose de abertura para reconsiderar ideias iniciais — porque a prática não passa somente por tornar algo “esteticamente apelativo” ou “funcional” — passa primeiro que tudo por refletir, estruturar, testar e depois sim, executar. O verdadeiro valor do design está no processo — nas perguntas certeiras, nas soluções pensadas, na atenção ao detalhe — e é por isso que o envolvimento do designer deve acontecer desde cedo, não bastando o cliente chegar com um layout feito e pedir retoques.

Mas para que esse processo funcione, o designer não é o único responsável pelo sucesso do trabalho. O cliente tem um papel fundamental:
– Deve ter objetivos claros e um briefing bem preparado;
– Estar disponível para colaborar e dar feedback construtivo, com foco nos objetivos e não apenas no gosto pessoal;
– Confiar no processo, cumprir prazos e orçamentos para garantir a saúde do projeto.
Aos designers, cabe acompanhar o processo de forma ativa, propor alternativas, esclarecer dúvidas e apontar caminhos técnicos e visuais que sirvam o objetivo proposto.

O design não é feito para o designer — é feito com o cliente e para o projeto. E quando há diálogo, confiança e espaço para experimentar, é possível chegar mais longe do que o previsto. E há tantos designers, e com tanta diversidade de abordagens, que existirá sempre um designer adequado para cada projeto.

Ser cliente pode não ser fácil, mas é uma prática que se aprende e que se pode revelar bastante estimulante. Um bom ponto de partida antes de iniciar qualquer colaboração, é explorar portfólios, fazer perguntas e procurar referências. E nunca esquecer que estes processos de trabalho são colaborativos, o que significa que ninguém está sozinho e que todos estão a trabalhar em equipa para satisfazer um objectivo comum.

Start typing and press Enter to search

Shopping Cart

Nenhum produto no carrinho.